O
aguardado Golf nacional chegou! Ainda não de forma oficial, uma vez que
a VW só deve apresentá-lo em fevereiro, mas já é possível encontrar o
modelo em algumas lojas da capital paulista. E foi numa delas que não só
fotografamos como também dirigimos a novidade. Como ele se sai com o
motor 1.6 do Fox? Mudou o acabamento em relação ao importado? E o
câmbio? E a suspensão? Vamos ao test-drive.
Olhando por fora, é o mesmo Golf VII que você já conhece da Alemanha e
do México. Faróis e lanternas não têm LEDs, mas as versões de entrada
importadas também eram assim. As rodas aro 17? seguem o desenho “Dijon”
conhecido desta versão Comfortline, enquanto os pneus são exageradamente
largos para um carro de 120 cv –Dunlop com medidas 225/45 (menos no
estepe, um pouco mais fino. As chapas da carroceria possuem vão justos e
as portas mantém o som abafado ao fechar, evidenciando que, assim como
aconteceu com o Audi A3 Sedan, o Golf “Made in Paraná” manteve o padrão
de construção elevado do modelo importado.
Internamente a impressão se repete. Painel de espuma injetada macio ao
toque, colunas dianteiras forradas, porta-objetos com feltro nas portas,
encaixes precisos… nada difere o carro nacional do mexicano, com o qual
ele compartilha a opção pelo freio de mão por alavanca (o alemão tinha o
recurso elétrico). O sistema start-stop, até então de série em todo
Golf, desaparece neste 1.6, bem como a transmissão DSG de dupla
embreagem e a suspensão traseira independente. O acabamento é o mesmo do
Comfortline importado, com tecido de qualidade nos bancos e painel com
apliques imitando aço escovado. Estamos na versão básica com o primeiro
pacote de opcionais, que inclui volante com comandos do som, do “piloto
automático” e borboletas para trocas de marcha manuais, rodas aro 17?,
retrovisor eletrocrômico e interface para iPod, além da entrada SD Card.
A central multimídia tem tela touch e comandos intuitivos, mas ainda
não agrega conexão Apple Car Play nem Android Auto.
Abrimos o capô (sustentado por mola a gás) e encontramos o motor 1.6 MSI
do Fox/Gol Rallye/Saveiro Cross. Trata-se de um propulsor moderno, da
mesma família EA-211 do 1.4 TSI, empregando bloco de alumínio, cabeçote
16V e comando de admissão variável. Rende 110/120 cv de potência e
15,8/16,8 kgfm de torque quando abastecido com gasolina/etanol,
respectivamente. É suficientemente esperto nos compactos da Volks, mas
no Golf a coisa complica um pouco. E ainda temos o câmbio automático.
Sim, o Golf 1.6 terá versões manual de cinco marchas e automático
Tiptronic de seis velocidades (mesma transmissão que será adotada no 1.4
TSI Flex). Colocamos em Drive, pisamos fundo e… o Golf demora a embalar
– um mundo bem diferente do 1.4 turbo com seu torque máximo logo acima
da marcha lenta. Aqui é preciso fazer o 1.6 aspirado girar para que as
coisas aconteçam, mas ao menos ele mostra funcionamento suave e
silencioso mesmo em altos regimes. As trocas de marcha ficam mais ágeis
no modo esportivo do câmbio, dando algum ânimo ao hatch, mas ainda não
chegam perto da rapidez de mudanças do DSG. Será carro para andar sem
pressa.
Apesar da perda sensível em relação ao 1.4 TSI nas saídas e retomadas, o
Golf 1.6 é agradável de conduzir em ambiente urbano, não chegando a
fazer o motorista passar raiva. No entanto, não há milagre: hatches
médios atuais (pesados) com motores 1.6 aspirados demoram para ganhar
fôlego – é assim com o Focus e com 308, é assim com o novo Golf. Ficamos
na expectativa pela versão manual, que pode segurar um pouco melhor a
onda. Tanto é que a Ford retirou do catálogo a versão 1.6 Powershift AT
do Focus na última reestilização.
De volta ao Golf, notamos que a direção elétrica está ainda mais leve e
bastante cômoda nas manobras, reflexo provavelmente do trem dianteiro
com menos peso (o 1.6 aspirado têm menos componentes que o 1.4 turbo).
Já a suspensão se revelou minimamente mais macia que a do importado,
absorvendo bem os impactos do solo. A traseira agora usa eixo de torção
em vez do multilink do carro importado, mas, ao menos em baixa
velocidade, não notamos grandes diferenças no comportamento. É preciso
fazer curvas ousadas para tiramos uma conclusão.
No fim, de bate-pronto, fica difícil definir o Golf 1.6 sem sabermos o
quanto a VW vai cobrar por ele. Dada as simplificações do carro
nacional, eu diria que ele não pode custar mais que os R$ 70 mil
cobrados pelo Focus 1.6 – ambos com câmbio manual -, enquanto o 1.6
automático de entrada deveria ficar na faixa dos R$ 73 mil, no máximo. A
boa notícia para os fãs do Golf é que a qualidade geral que fez a fama
do carro mundo afora foi mantida. E ainda bem que haverá também os
motores 1.4 TSI flex (150 cv) e 2.0 TSI (220 cv) na produção local.
Fonte: Carplace - 20/01/2016