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Quais itens os fabricantes levam em conta na hora de produzir o pneu

Existe muito mais preocupação no desenvolvimento de um pneu – e no acompanhamento de sua vida útil – do que possa imaginar qualquer transportador. Tudo é levado em conta pelos fabricantes para a criação de um novo produto para que ele atenda ao máximo as expectativas do mercado, independente da operação à qual se destina. Isso inclui tipo de relevo e suas características, qualidade da malha viária, diferentes aplicações e vários outros pontos, para se chegar a uma estrutura que atenda quesitos como resistência a impactos, alto índice de recapabilidade, baixa resistência ao rolamento e comportamento seguro em pista molhada, entre outros itens igualmente importantes. Tudo para que o pneu cumpra seu papel e ganhe a confiança do transportador.
No caso do desenvolvimento de um produto para o mercado brasileiro, um dos maiores desafios para os fabricantes do setor é a extensão territorial do País e suas diferentes condições. Renato Baroli, gerente sênior de vendas e marketing da Dunlop, destaca que um caminhão que roda por todo o território nacional só não encontra neve pelo caminho, pois fora isso passa por estradas de todos os tipos e condições, cascalho, areia e terra, além de diferentes temperaturas climáticas. “Para ter um pneu para resistir a tudo isso, a Dunlop conta com mais de 100 anos de know-how no segmento, um centro de desenvolvimento com tecnologia japonesa e três campos de prova completos, capazes de simular qualquer tipo de pista”, acrescentou.
Fabio Garcia, gerente de marketing para pneus comerciais da Goodyear destaca também a importância de estar presente no campo e reconhecer dentro de cada tipo de operação quais são as especificações em produtos que podem ser desenvolvidas e que podem gerar maior performance de pneus. De acordo com ele, além de realizar pesquisas com clientes, a empresa possui também um departamento de desempenho de produtos, o qual conta com engenheiros especializados e ferramentas de última geração para identificar as oportunidades detectadas no campo. Isso, independente do tipo de aplicação em que o pneu será utilizado. “Exemplo disto é o lançamento do pneu 12.00R24 G677 OTR, desenvolvido para equipamentos que trabalham em obras de infraestrutura e que possui um composto de rodagem diferenciado, capaz de resistir a uma aplicação extremamente severa e ainda proteger a carcaça para futuras recapagens”, completa.
Desenvolver pneus que atendam as necessidades dos clientes, e também contribuam para uma mobilidade sustentável exige altos investimentos, conforme conta Feliciano Almeida, diretor de marketing e vendas de pneus de caminhão e ônibus da Michelin para a América do Sul. De acordo com ele, a empresa é pioneira em inovação e tecnologia e cita investimento de cerca de 650 milhões de Euros em pesquisa e desenvolvimento para buscar melhores tecnologias que respondam às necessidades dos clientes. “Além dos investimentos, dispomos de uma ampla rede de profissionais no campo, capacitados para acompanhar e monitorar o desempenho dos nossos pneus em cada uma das aplicações, sua correta utilização, bem como identificar novas necessidades, seja em termos de produto ou em termos de serviço”, diz.
Eficiência, robustez e capacidade de carga também fazem parte da lista de preocupações dos fabricantes no desenvolvimento de um novo produto que atenda as expectativas do mercado. Ernani Santos Filho, gerente de marketing da Pirelli para pneus de caminhões e ônibus, acrescenta que além dos reforços estruturais, os produtos da marca contam com resistência a impactos e abrasão cada vez maior, independente do tipo de operação do transportador. Segundo ele, a Pirelli tem sido pioneira no desenvolvimento de produtos destinados a todos os segmentos de aplicação e severidade.
Estradas retas, planas, curvas, aclives, declives são características levadas em conta pelos fabricantes para se chegar a um produto que garanta mais quilometragem. Fernando Peruzzo, coordenador de produto de pneus para veículos comerciais da Continental Pneus Mercosul, cita as dificuldades para garantir desempenho nas diferentes condições de rodagem. Ele diz que no percurso plano e retilíneo, a dificuldade é garantir um desgaste uniforme dos pneus, e nos percursos montanhosos e cheios de curvas o desafio é garantir quilometragem e tração. “Mesmo considerando a extensão geográfica do País e os diferentes tipos de estrada, o pneu precisa entregar o menor custo de operação e maior segurança para as frotas”, adiciona.
Rafael Ralpern, do marketing da Kumho Tire do Brasil, frisa que empresas e empresários querem um pneu de extrema qualidade, capaz de rodar muito tempo sem ser trocado e que forneça o maior número possível de reformas. Porém, acrescenta ele, poucos estão dispostos a pagar o preço de um produto de altíssima qualidade importado, mesmo que este seja resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento e de milhares de dólares investimento. “Temos a preocupação de estar sempre muito perto do cliente ouvindo quais são os anseios para chegar a um produto ao menos próximo daquele esperado por ele, o mais importante é a troca de informações”, acrescenta. Em relação ao Brasil, Ralpern diz que o País é um excelente e gigante mercado de pneus, porém, precisa abrir as portas para novos conceitos, com os quais ainda não está acostumado, como as vantagens tecnológicas dos pneus importados que às vezes aparentam ser mais caros do que o cliente deseja, mas que a longo prazo fornece menor custo por quilômetro.
Para o diretor comercial da Bridgestone Bandag, Marcos Aoki, o sonho de todo transportador é que existisse um único pneu que atendesse às diversas aplicações. “Porém sabemos que isto é impossível levando-se em conta as necessidades de posição de montagem, terrenos, características de carga etc”. Aoki destaca, ainda, que outros requisitos são que o pneu tenha excelente performance, maior recapabilidade e que suporte as exigências do dia a dia. “A grande dificuldade é exatamente esta, ou seja, desenvolver produtos que atendam a estes requisitos e que possam ter uma maior abrangência de aplicação. Nossa equipe de desenvolvimento de produto busca constantemente atingir este objetivo e temos produtos que abrangem diversas aplicações”, explica. Outro ponto citado pelo executivo é a importância da confiança na marca e que para isso é essencial que a empresa continue a aoferecer os melhores produtos e serviços. “A forma de apresentar resultados ao transportador somente é possível com a ação de Medir, Quantificar e apresentar os Resultados. Esse trabalho é feito constantemente pela nossa equipe de campo e também pela nossa rede de revendedores”, finaliza.
O transportador, pelo seu lado, ao menos os mais organizados, sabe o quanto representa os pneus na sua planilha de custos, por isso ele quer um produto de qualidade e atenção do fabricante. Renato Baroli, da Dunlop, cita que por ser o caminhão uma ferramenta de trabalho de alto valor, tanto motoristas quanto empresas de transporte são sensíveis aos custos e manutenção, e os pneus não ficam de fora. “Um problema grave pode incorrer em acidente, ou no caso de um pneu de baixa qualidade, com elevada trepidação, e baixa aderência acarretam o desgaste prematuro de várias peças, como suspensão, freios e carroceria”, completa. Ainda de acordo com Baroli, tão importante quanto a venda do pneu é a realização correta dos serviços na hora da troca. “O pneu é um produto cuja vida útil deriva totalmente do tipo de aplicação e da manutenção realizada no veículo. Sem manutenção e acompanhamento de pós-vendas correto, nem mesmo o melhor pneu do mundo apresentará bom custo-benefício”, conclui.
Fábio Garcia, da Goodyear também fala da importância do pós-venda, pois através de trabalhos técnicos realizados nas frotas é possível identificar oportunidades para a redução dos custos com pneus nas empresas de transporte. “Ter assessores de vendas e serviços treinados para o pós-venda é fator primordial para a entrega de soluções aos nossos consumidores” diz. Ele destaca que a empresa tem um centro de treinamento em Americana/SP, onde todos os profissionais de atendimento são treinados para atingir este objetivo. “Com relação à garantia, possuímos o melhor programa do mercado, que contempla desde o pneu novo, que quando recapado possui garantia ilimitada, independente do número de recapagens”, finaliza.
Fonte: O Carreteiro - 16/05/2016