A
produção brasileira de veículos, incluindo automóveis, comerciais leves
(picapes, SUVs e furgões), caminhões e ônibus, caiu 16,8% no semestre,
informou ontem a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea). Nos seis primeiros meses do ano, o país fabricou
1,57 milhão de unidades ante 1,88 milhão no mesmo período do ano
passado. Na comparação do mês passado, quando foram produzidos 215,9 mil
veículos, em junho de 2013, a queda é ainda maior, de 33,3%.
O fraco desempenho do setor levou a Anfavea a rever as suas previsões
para 2014. Agora, a associação projeta queda de 10% na produção em 2014,
para um total de 3,34 milhões de unidades. Em relação às vendas, a
expectativa é de recuo de 5,4% no número de veículos licenciados. A
previsão anterior, divulgada em janeiro, era de alta de 1,4% na produção
e de aumento de 1,1% nas vendas, na comparação com 2013. Confirmada a
nova projeção, será a maior queda anual desde 2002, quando o número de
veículos fabricados recuou 2,45% na comparação com o ano anterior.
Copa
A Anfavea atribui o resultado negativo, em parte, à Copa do Mundo. “Em
junho, tivemos menos de 17 dias de produção”, afirmou Luiz Moan,
presidente da Anfavea, explicando que diversas fábricas deram férias
coletivas no mês, enquanto outras trabalharam em regime parcial. Além da
Copa, feriados em dias de semana ajudaram a diminuir o número de dias
úteis no 1º semestre. Outros fatores apontados para a redução foram a
maior seletividade dos bancos para financiar veículos e as restrições
das exportações da Argentina.
As vendas externas de veículos nos primeiros seis meses do ano caíram
35,4%. Foram 169.457 unidades exportadas contra 262.340 no mesmo período
de 2013. Em valores, as vendas para o exterior recuaram 23,1% no
semestre, somando US$ 6 bilhões, ante US$ 7,8 bilhões no primeiro
semestre de 2013.
A queda de produção de junho reduziu os estoques das montadoras para
395,4 mil unidades — em maio eram 399,9 mil. Apesar disso, levando-se em
conta o ritmo de vendas do mês passado, o número de veículos nos pátios
das montadoras representa agora 45 dias de produção ante a 41dias, do
fim de maio. O número de empregos no setor também diminuiu, caiu de
156.471, em junho de 2013, para 151.546, no mesmo mês deste ano. Uma
queda de 3,1%.
Imposto
Para o segundo semestre, a associação prevê alta de 13,2% na produção e
avanço de 14,3% nas vendas. “Serão 127 dias úteis contra 119 no primeiro
semestre. Ou seja, em dias de venda, teremos 7% de potencial de
melhora”, afirmou o executivo. Entre os fatores para o maior otimismo,
estão a melhora da confiança do consumidor, a renovação do acordo
automotivo com a Argentina, o maior número de dias úteis e a manutenção
das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até o fim
do ano.
“Se o aumento de IPI tivesse ocorrido (agora em julho, como previsto
pelo governo) teríamos uma queda de quase 11,5% nas nossas vendas no
segundo semestre”, estimou Moan. Segundo ele, sem o adiamento da alta do
IPI, a queda nos licenciamentos poderia chegar a 10% no ano, em vez do
recuo de 5,4% esperado agora.
Fonte: Correio Braziliense / Online - 08/07/2014