"Os
fabricantes de pneumáticos têm trabalhado a todo vapor para atender a
alta demanda por pneus de carga no Brasil. Isso tem sido possível porque
desde 2007 as empresas investem R$ 1 bilhão por ano no País para
aumentar a capacidade produtiva e modernizar equipamentos." Foi com esta
explicação que Alberto Mayer, presidente da Associação Nacional da
Indústria de Pneumáticos, a Anip, iniciou conversa com Automotive
Business, para não deixar dúvidas de que a indústria nacional ganhou
capacidade suficiente para atender tanto o mercado de reposição quanto
às montadoras instaladas no Brasil.
Segundo o executivo, a produção de pneus para caminhões e ônibus cresceu
11,5% de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período do
ano passado, para 6,1 milhões de unidades. Foi motivada pelo avanço da
safra agrícola, que impulsionou a retomada do setor de caminhões (a
produção de veículos novos avançou 50,9% no período, segundo a Anfavea,
associação nacional dos fabricantes) e também o consumo de pneus pelas
montadoras e aftermarket.
As vendas no mercado interno acompanharam a evolução, com alta de 16,2%
de janeiro a setembro deste ano, para 6,5 milhões de pneus de carga, o
que representa 1 milhão a mais do que no ano passado. Deste total, 43%
foram consumidos pelas montadoras.
Mas as importações aumentaram ainda mais no período: 18,6%, para 1,8
milhão de pneus, vindos principalmente do Japão e países da América do
Sul. Mayer salienta que essa alta não está relacionada à falta de
capacidade produtiva interna, mas ao fato de que os produtos brasileiros
não têm preços competitivos.
"A indústria nacional de maneira geral tende arcar com altos custos de
impostos, matéria-prima, mão de obra e ainda com falta de
infraestrutura. O pneu brasileiro é de qualidade internacionalmente
reconhecida, mas muitas vezes os fabricantes do exterior levam vantagem
por terem menor custo de produção. Com menor preço, vendem mais,
principalmente no mercado de reposição."
Outra prova da falta de competitividade é que as exportações de pneus de
carga continuam a cair. Tiveram uma retração de 14,2% nos primeiros
nove meses do ano em relação ao ano passado, segundo o executivo. "O
declínio das exportações e a balança comercial negativa só poderão ser
revertidos com medidas que ampliem a competitividade nacional, a partir
da redução de custos", afirma.
NOVO FABRICANTE
Atualmente, o maior importador de pneus de cargas para o Brasil é o
Grupo Sumitomo Rubber Industries, dono da marca Dunlop, que desde o
início de outubro produz somente pneus para carros de passeio, SUVs e
vans em sua primeira fábrica nas Américas, recém-inaugurada em Fazenda
Rio Grande (PR).
O Grupo Sumitomo, hoje o quinto maior produtor de pneus do mundo, vendeu
em 2011 no Brasil 270 mil pneus de carga importados do Japão. Este ano,
já importou mais de 400 mil deles para fornecer ao mercado de
reposição.
A boa notícia é que o grupo japonês irá produzir na planta paranaense
pneus para veículos pesados em 2016 com investimento de R$ 500 milhões.
Serão feitos no primeiro ano 350 deles por dia, segundo Renato Baroli,
gerente comercial e de marketing da Dunlop.
"Com a produção nacional da Dunlop, o volume de importações vai cair
consideravelmente", afirma Mayer. De acordo com o executivo, dos dez
fabricantes de pneus instalados no País, seis produzem os componentes
para caminhões e ônibus.
EXPECTATIVAS PARA 2014
O presidente da Anip prevê que o setor de pesados manterá em 2014 o
mesmo desempenho ou pouco acima do que tem sido observado este ano. “Não
há nada no cenário que mostre que a indústria de pneumáticos terá
retração ou grande avanço. A tendência é de estabilidade ou, na melhor
das hipóteses, de pouco crescimento”, conclui.
Fonte: Automotive Business / Online - 01/11/2013