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Fábricas de pneus terão férias de até três semanas

Assim como as montadoras, grandes fabricantes de pneus decidiram parar fábricas por período mais longo neste fim de ano. Além de acompanhar o calendário dos clientes da indústria de veículos - que também estenderam as férias tradicionalmente concedidas em dezembro -, o setor busca com a medida corrigir excessos dos estoques no mercado de reposição.

Na Pirelli, maior fabricante desse produto no país, a parada será a mais longa desde que a multinacional italiana se estabeleceu no Brasil, há oito décadas. Só em Santo André (SP), onde a Pirelli produz pneus para caminhões e tratores agrícolas, a fábrica vai interromper a produção por três semanas a partir de segunda-feira. Na sequência, a partir do dia 22 de dezembro, a empresa paralisa por duas semanas as atividades na fábrica de Gravataí (RS), que concentra as linhas de pneus para motos e também veículos de carga.
Já em Campinas (SP), onde está a maior fábrica da Pirelli no mundo na produção de pneus para carros de passeio e utilitários esportivos, as férias vão durar onze dias corridos: de 22 de dezembro a 1 de janeiro.
A Pirelli costuma dar nessa época apenas quatro dias de folga aos trabalhadores - na véspera e nos feriados de Natal e Ano Novo. Dessa vez, contudo, decidiu manter a parada tradicional apenas na fábrica de pneus para carros de Feira de Santana, na Bahia.
O grupo italiano não é o único a fazer isso. Na Bridgestone, terceira maior do setor no Brasil - com fábricas no ABC paulista e em Camaçari (BA) -, os operários serão liberados no Natal (25 de dezembro) e só retornam no dia 12 de janeiro - ou seja, 18 dias longe da produção.
No primeiro ano de operação no país, a Sumitomo decidiu também interromper por duas semanas a fábrica dos pneus da marca Dunlop no Paraná. Os trabalhadores só voltam a pegar no batente no dia 2 de janeiro. Michelin e Goodyear, por outro lado, não têm férias coletivas programadas.
Dados levantados até outubro pela Anip, entidade que representa a indústria nacional de pneumáticos, mostram que as montadoras reduziram em 18% as compras de pneus neste ano. A queda nas encomendas dos fabricantes de veículos tem sido, contudo, compensada pelo bom desempenho do canal de reposição - que absorve quase 58% das vendas totais -, junto com uma leve recuperação das exportações.
Mais exposta ao mercado de equipamentos originais, respondendo por metade dos pneus consumidos pelas montadoras de automóveis instaladas no Brasil, a Pirelli pretende negociar nos próximos meses alternativas ao excesso de mão de obra e custos trabalhistas, seguindo discussões em curso nas montadoras em torno de congelamento de salários e programas de demissões voluntárias.
"Nossa empresa precisa fazer algo em relação ao custo de mão de obra", diz Paolo Dal Pino, presidente da Pirelli na América Latina, região de onde a multinacional tira 35% do faturamento global. Segundo ele, a empresa, apesar da crise na indústria automobilística, tem procurado manter o emprego na maioria de suas fábricas - a exceção foi um corte de pouco mais de 100 trabalhadores em Gravataí neste ano. Mas Dal Pino adianta que a pressão sobre o quadro de pessoal vai aumentar se não houver reação do mercado, o que pode resultar em novas demissões nas operações brasileiras do grupo.
O executivo diz que não há espaço para repassar ao preço final do produto aumentos não apenas de custos trabalhistas, mas também de energia e de insumos importados, mais caros com a valorização do dólar. Segundo o presidente da Pirelli na região, apesar de o mercado de reposição ter sido uma importante válvula de escape diante do recuo nos pedidos das montadoras, os estoques estão altos na rede de distribuição. Além disso, diz ele, a indústria nacional ainda enfrenta concorrência agressiva de produtos importados em segmentos de pneus agrícolas e de caminhões, nos quais a fatia das importações é de 40% e 30%, respectivamente.
O executivo defende maior taxação sobre os pneus importados, com recursos provenientes dessa arrecadação destinados à constituição de um fundo de fomento ao plantio de seringueiras. O objetivo é reduzir a dependência das importações de borracha natural, que respondem por 70% do consumo desse insumo nas fábricas de pneumáticos.
Fonte: Intelog / Online - 11/12/2014