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Dunlop ainda aguarda decisão do governo brasileiro sobre taxação de
pneus importados do Japão para bater definitivamente o martelo sobre
novo investimento de R$ 1 bilhão em Fazenda Rio Grande, no Paraná, onde
já aplicou R$ 750 milhões e inaugurou, em outubro passado, fábrica de
pneus para automóveis e utilitários leves (leia aqui). Agora a empresa
pretende construir outra planta no mesmo local, exclusiva para veículos
de carga. Contudo, a unidade só iniciaria a produção em 2017 e até lá a
Dunlop pretende importar do Japão esses produtos para abastecer o
mercado brasileiro. O problema é que os pneus japoneses foram incluídos
em um processo de antidumping no Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que caso seja deferido poderá
resultar na sobretaxação e inviabilizar o negócio.
"A decisão de fazer a fábrica já está tomada, porque a Dunlop precisa
aumentar sua capacidade de produção de pneus para caminhões e ônibus
(hoje fabricados pela empresa só no Japão e China). A preferência é
fazer no Brasil, mas se a sobretaxação às nossas importações for
aprovada esse investimento poderá ser feito em outro país, como África
do Sul ou Turquia, que também são candidatos a receber o investimento",
diz Renato Baroli, gerente sênior de vendas e marketing da Sumitomo
Rubber do Brasil, empresa proprietária da marca Dunlop.
Segundo Baroli, a sobretaxação tornaria proibitiva a importação de pneus
de carga do Japão e tiraria a Dunlop do negócio no Brasil. Em 2013 a
empresa importou 345 mil unidades do produto, que só começará a produzir
no Paraná dentro de três anos. "Isso iria tirar 60% do faturamento
atual dos nossos distribuidores, o que destrói toda a rede, que não
poderia ficar esperando todo esse tempo até termos um pneu de carga
nacional", explica. A Dunlop trabalha com 12 distribuidoras e 40 lojas
licensiadas no País, com meta de abrir mais 45 este ano.
Contudo, o executivo avalia que o governo é sensível ao problema e que a
sobretaxação não será aplicada. No início deste ano representantes da
Sumitomo no Brasil e do governo do Paraná visitaram o então ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para informar a intenção de investir
na nova fábrica (leia aqui) e evitar as medidas restritivas às
importações da empresa. "Quisemos mostrar que temos planos sérios, que o
Grupo Sumitomo é responsável por 10% do PIB do Japão, que a empresa
veio para investir e produzir aqui", conta.
PRODUÇÃO NACIONAL
Baroli diz que a intenção é produzir no Paraná todos os seis modelos de
pneus Dunlop para caminhões e ônibus atualmente importados do Japão. Ele
informa ainda que a produção nacional trará uma tecnologia ainda
inédita ao País, com a fabricação dos pneus radiais sem emendas, que
garante maior uniformidade aos produtos. O normal são cerca de oito
emendas por pneu, o que pode causar mais falhas na manufatura.
O investimento na produção de pneus de carga é maior do que o feito na
de leves porque envolve equipamentos maiores, mais caros e complexos,
quase 100% deles importados, explica o gerente. A previsão é inaugurar a
linha no começo de 2017 com capacidade para fazer 4,5 mil unidades por
dia, cerca de 1,6 milhão por ano. A área de mistura de compostos
químicos será comum, mas o setor de manufatura final será montado em um
prédio inteiramente novo, dentro do terreno de 500 mil m2 em Fazenda Rio
Grande, onde apenas 84 mil m2 são ocupados hoje.
A meta é abocanhar em torno de 10% desse mercado no Brasil, que consome
anualmente 57 milhões de pneus de todos os tipos, 46 milhões só para
reposição. De acordo com Baroli, a decisão de produzir pneus de carga no
Brasil foi antecipada pela Sumitomo "porque para competir aqui isso é
absolutamente necessário, para evitar sobretaxações a produtos
importados e taxas de câmbio desfavoráveis". Ele acrescenta que o
segmento tem potencial elevado, já que atualmente 34% da demanda são
atendidos por importações.
FORNECIMENTO ÀS MONTADORAS
Na fábrica de pneus leves, já em operação desde outubro, a produção
ganha ritmo ascendente. Atualmente todos os produtos vão para o mercado
de reposição, mas a expectativa é receber em breve os primeiros pedidos
para fornecimento direto às fabricantes de veículos. "Estamos em fase de
homologação com diversas montadoras", revela Baroli.
Ele admite que a rentabilidade do fornecimento direto é bem menor ou até
nula, mas o negócio é necessário para prosperar na reposição, onde a
média é de dois pneus por carro trocados a cada ano. "Grande parte dos
consumidores quer trocar pela mesma marca que vem de fábrica", explica.
"Por isso é um argumento de venda importante."
Baroli também confirma que deverá produzir no Brasil para fornecer às
montadoras os chamados pneus verdes, com maior quantidade de sílica na
composição para baixar a resistência ao rolamento e, por consequência,
reduzir o consumo. Segundo ele, quatro fabricantes de automóveis
negociam o produto com a Dunlop. "É uma tendência irreversível, todos os
fabricantes querem oferecer carros com pneus verdes. Podemos produzir
sem problemas, o que muda basicamente é a quantidade de sílica que
colocamos na fórmula, mas isso também deixa o produto mais caro",
explica.
Fonte: Automotive Business / Online - 24/03/2014