A
indústria automobilística nacional tem carros para todos os gostos. De
compactos a SUVs, de sedãs médios a minivans, é difícil não achar um que
atenda suas necessidades. Mas a grande variedade de veículos à
disposição do consumidor não nos impede de sentir falta de algum modelo
em especial. Pode ser o sedã com nível de luxo nunca antes visto no
Brasil, talvez o esportivo que povoou o imaginário de toda uma geração
ou o conversível que não ficava atrás de nenhum modelo europeu.
Listamos abaixo dez carros que já deixaram de ser produzidos há algum
tempo, mas continuam despertando suspiros quando passam nas ruas do
nosso país.
Ford Escort XR3: sonho de toda uma geração, travou uma dura batalha pelo
posto de melhor esportivo nacional com o Gol GTi. O nome XR3 vem de
"Experimental Research 3", e o carro empolgava pelo visual invocado, com
direito a rodas de liga leve aro 14, aerofólio traseiro e faróis de
milha na frente. Pena que o desempenho não fazia jus ao estilo nervoso: o
motor 1.6 CHT não era ruim, mas podia ser mais esperto com seus 83 cv.
Saiu de linha em 1996.
Chevrolet Monza: lançado em 1982, o Monza trouxe um padrão de qualidade
inédito para sua época. Derivado de um projeto europeu (o Opel Ascona), o
carro estreou primeiramente na versão hatch, e só depois ganhou a
carroceria sedã com duas e quatro portas. Cobiçado por muitos, foi o
carro mais vendido por três anos (de 1984 a 1986), sendo superado apenas
pelo VW Gol, até hoje líder do mercado nacional. O Monza foi
substituído em 1996 pelo Vectra, que logo se tornaria objeto de desejo
no Brasil.
Chevrolet Kadett: outro projeto gerado pela alemã Opel e reproduzido
aqui pela GM, o Kadett estreou em 1989 com as mesmas características que
já fizeram sucesso no Monza. Confortável e potente, o carro tinha motor
1.8 nas versões SL e SL/E; o esportivo GS usava um motor 2.0, que em
1992 ganharia injeção eletrônica monoponto, sendo rebatizado de GSi.
Ninguém se esquece do belo GSi conversível, cuja fabricação levava seis
meses para ser concluída, já que o veículo ia até a Itália para ser
construído pela Bertone e então voltava para o Brasil para receber a
parte mecânica.
Honda Civic Si: praticamente uma raridade em tempos escassos para os
esportivos nacionais. O modelo foi lançado em 2007 com visual atraente
(porém com a discrição que cabe a um sedã) e três opções de cor: preto,
prata e vermelho. Seu grande chamariz, no entanto, estava escondido
debaixo do capô. O motor 2.0 i-VTEC de 16 válvulas entregava 192 cv a
incríveis 7.800 rpm, fazendo dele o carro mais potente do Brasil - pelo
menos até a chegada do Golf GTI em 2009, que rendia 193 cv com gasolina
aditivada. Deixou de ser produzido em 2011, mas deve voltar em 2015,
importado dos Estados Unidos possivelmente na versão cupê.
VW Santana: tinha tudo para não dar certo. Afinal, ninguém conseguia
imaginar como uma marca famosa pelos modelos populares poderia lançar um
carro de luxo. Foi diante desta desconfiança que o Santana chegou ao
Brasil em junho de 1984. Vendido em três versões (CS, CG e CD), tinha
dois itens até então oferecidos apenas em modelos caros: ar-condicionado
e direção hidráulica. A opção mais cara tinha câmbio automático. Sofreu
uma reformulação radical em 1991, mas passou os anos seguintes sem
receber grande atenção da VW. Deixou as ruas em 2005 de forma
melancólica, mas até hoje é lembrado com saudade pelos taxistas,
especialmente pelo amplo espaço interno e pela robustez mecânica.
Fiat Tempra: há quem diga que a Fiat nunca conseguiu fazer bons sedãs.
Os italianos podem até ter decepcionado nos últimos anos com Linea e
Marea, mas fizeram bonito com o Tempra. Lançado aqui em 1991, um ano
depois de ser apresentado na Itália, ele tinha vidros e travas
elétricas, ar-condicionado, direção hidráulica progressiva, toca-fitas,
rodas de liga leve e até acabamento de madeira. A estrela da linha era o
Tempra Turbo, inicialmente vendido apenas na bela carroceria de duas
portas. Seu motor 2.0 8V com injeção eletrônica recebeu uma turbina
Garrett T3, rendendo 165 cv. Resultado: ganhou o título de carro mais
rápido do país, chegando aos 212,8 km/h.
Ford Maverick GT: é fácil dizer qual é o modelo mais saudoso fabricado
na história da Ford do Brasil. O Maverick até tinha as versões Luxo e
Super Luxo, mas foi a GT que conquistou o coração dos fãs de esportivos.
O belíssimo cupê chamava atenção por onde passasse graças ao borbulhar
do motor V8 302 de 197 cv. Nos anos seguintes, a crise do petróleo
forçou a Ford a lançar uma versão 2.3 de quatro-cilindros, que até
vendeu bem, mas nem de longe combinava com a imagem abrutalhada do
muscle-car. Lançado em junho de 1973, o Maverick GT parou de ser
fabricado sete anos depois.
VW Gol GTi: substituir o bem-sucedido GT era a dura missão da Volkswagen
no fim dos anos 80. E não é que a marca fez um gol de placa com o GTi? A
grande estrela do Salão do Automóvel de 1988 atraiu os visitantes pelo
design moderno, realçado pela bela combinação das cores azul e cinza (na
parte inferior). Com 120 cv, o motor AP-2000 era quase o mesmo do
Santana, mas com uma importante novidade: a adoção da injeção eletrônica
de combustível. Foi o primeiro carro nacional a dispensar o carburador.
O GTi evoluiu juntamente com a segunda geração do Gol, ganhando um
inédito motor 2.0 de 16 válvulas vindo da Alemanha. O carro sobreviveu
até 2000, e desde então nunca mais voltou.
Chevrolet Opala: se existe um modelo que representa a história da
Chevrolet no Brasil, ele é o Opala. Primeiro automóvel de passeio
fabricado pela marca no país, ele era baseado no Opel Rekord europeu.
Teve motorizações de quatro e seis cilindros, inclusive na saudosa
versão esportiva SS, sucesso de público e crítica nos anos 70. Nas
décadas seguintes, ganhou a opção perua (Caravan) e uma versão mais
luxuosa, chamada Diplomata. O Opala ficou mais quadradão nos anos 80 e
sofreu uma última reestilização no começo da década de 90. Bastante
defasado frente à concorrência, o carro parou de ser fabricado em 1992,
após 23 anos de produção ininterrupta. Foi substituído pelo Omega.
Audi A3: muito antes de confirmar a produção dos modelos A3 Sedan e Q3
no Brasil, a Audi já fabricou automóveis por aqui. Em 1999, a marca das
quatro argolas aproveitou a estrutura da moderna fábrica da Volkswagen
em São José dos Pinhais (PR) para fabricar o A3, que compartilhava
plataforma e várias peças com o VW Golf. Até as opções de motorização
eram as mesmas do hatch da Volkswagen. A versão mais cara (e cobiçada)
do A3 era justamente a 1.8 T, com câmbio automático Tiptronic e 180 cv. O
hatch foi descontinuado em 2006 devido a chegada da nova geração
europeia, que seria cara demais se fosse fabricada aqui.
Fonte: Quatro Rodas / Online - 02/07/2014